O aluno de graduação que hoje é Doutor, as escolhas no tempo e o dia do professor

Recente mensagem de whatsapp do grupo de Doutorado me dizia que uma das minhas observações sobre a nossa impaciência havia sido comentada no Rio de Janeiro. A foto que acompanhava a mensagem era de Bruno Menezes. Atualmente Bruno Menezes tem como foco da pesquisa e docência a Inteligência Artificial. A julgar pela foto o mesmo estava no exercício da docência, ou seja, transformando comportamento e, permitindo que outros alunos, semelhante ao que ele teve oportunidade, possam escolher. É bem possível que existam exceções a regra, mas quando estamos capacitados fazemos escolhas. E Bruno Menezes fez a sua escolha. Pra mim não foi surpresa alguma.

Nas aulas de Fundamentos econômicos, no curso de logística no Senai Cimatec o mesmo já havia comentado esse desejo: quero no futuro ser docente. Fico lisonjeado que tenha motivado Bruno a essa formação. Mas, sempre na oportunidade, quer em Economia, quer em Finanças, é inevitavel não lembrar aos alunos que nossos impacientes. Essa impaciência está levando nossa sociedade a tomar decisões equivocadas. E no novamente volto para Doutorado. Talvez o texto possa estar confuso, mas Bruno Menezes embora tenha sido meu aluno em graduação também foi meu colega no Doutorado (Modelagem Computacional e Tecnologia Industrial) e, por isso, sem nenhum preocupação temporal, trato Bruno como aluno de graduação que um dia tornou-se Doutor.

Surpresa? Nenhuma, apenas feliz em ser lembrado no dia do professor por um tema tão atual. Isso é tão grave que estamos hipotecando nosso futuro: antecipação da restituição do Imposto de Renda, antecipação do décimo terceiro salário além dos consignados para aqueles (aposentados) que não mais estão na ativa (Já já estarão antecipando nossas férias).

Se Bruno Menezes decidiu pelo Doutorado garanto que ele decidiu PAGAR (fazendo sacrifícios) hoje para USUFRUIR (benefícios) amanhã. Também tem o contrário, USUFRUIR hoje (benefícios) para PAGAR (fazendo sacrifícios) amanhã. São escolhas e sem estabelecer juízo de valor do que seja certo ou errado apenas comento.

E por comentar, são inúmero trabalhos de pesquisa (logo há metodologia, diferentes de comentários sem qualquer fundamentação que todo dia contaminam as redes sociais) que tratam sobre nossa preferência pelo presente ao tempo futuro. Somos especialistas em negligenciar o futuro.

Um desses trabalhos foi conduzido, em 2002, pelo professor em psicologia cognitiva, Dan Ariely, e pelo professor de marketing, Klaus Wertenbroch, sem levar em consideração recursos financeiros. No experimento realizado com estudantes de educação executiva os mesmos tinham que escrever três pequenos ensaios e foram designados a uma das duas condições. Na primeira condição, os prazos para os três ensaios seriam definidos pelo professor e uniformemente espaçados durante o semestre. Na segunda condição, cada estudante poderia estabelecer seus próprios prazos para cada um dos três ensaios.

Em ambas as condições, a penalidade por atraso era de um por cento por dia de atraso, independente do prazo ser definido pelo professor ou pelo próprio estudante. O experimento relata que muitos escolheram, de fato, impor prazos por conta própria, sugerindo que eles apreciavam o valor do compromisso. Assim, poucos estudantes escolheram os prazos uniformemente espaçados. No entanto, aqueles que não tiveram o pior desempenho no curso foram aqueles com prazos uniformemente espaçados, seja por definição do professor ou imposto por conta própria, em relação àqueles que escolheram como prazo de entrega o final do semestre.

Isto só reforça a ideia de que temos menor cuidado com os compromissos futuros e, logo, somos impacientes prestigiando o presente.

Espero que tenham gostado.

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