Minha opinião expressa minha vivência. Mas conforme explica o professor Dan Ariely (Em seu livro A (honesta) verdade sobre a desonestidade) somos criativos ao ponto de manipularmos critérios para obtermos o que realmente queremos e, ainda, mantermos a aparência de racionalidade.
Por falar em racionalidade voltamos aos ano 70 e, com base nos trabalhos de Daniel Kahneman, destacamos intuição e percepção de uma lado e racionalidade do outro. Tal separação é tão somente didática para indicar como tomamos decisões. E emitir uma opinião pode ser uma decisão importante ou trivial, conforme o contexto. Se de um lado intuímos ou somos perceptivos do outro lado usamos nosso raciocínio na tomada de decisões. A segunda ação é mais demorada. Requer tempo.
Atualmente sobre bombardeados de informações por vezes conflitantes. E não resta dúvidas que são opiniões divergentes. Mas o que devemos perceber sobre esse informacional que lidamos todos os dias. De modo geral, as pesquisas acadêmicas fazem uso de diversas metodologias e duas delas são apresentadas pela professora Alexandra Godoi. A primeira é o estudo randômico que é uma metodologia padrão para avaliar a eficácia de medicamentos. Para isso, a professora explica que dois grupos são separados. Um grupo de teste e que recebem a medicação e um grupo de controle.
Em algumas situações não é possível aplicar o estudo randômico. Logo, conforme a necessidade e possibilidade podem ser usados os estudos de correlação. O mais importante é a amostra. Em estatística uma população pode ser avaliada a partir de uma amostra. Por exemplo, meu orientando Tarsis Bomfim, para seu trabalho de investigação (Heurística da Disponibilidade) tendo como público-alvo, um universo de 682 estudantes (347 de Administração e 335 de Ciências Contábeis) usando determinações estatísticas com um nível de confiança de 95%, um desvio padrão de 0,5 e uma margem de erro (intervalo de confiança) de +/- 5, teve que realizar a mesma com, no mínimo, 246 estudantes. Logo, ao final do seu trabalho não teremos a opinião com base em intuição/percepção mas, uma definição do comportamento desses alunos sobre como as informações podem afetar o que pensam sobre os investimentos. Haverá uma representatividade estatística.
Uma vez que não devemos alterar amostras, nem mesmo manipular, bem explicado pelo professor Dan Ariely, Tarsis Bomfim de forma criativa pediu ajuda aos colegas (imagem usada nestes post).
Toda discussão do post é fundamental para tratar do papel do legislador em finanças. Isso porque a partir do dia 13 de novembro, os influenciadores digitais terão que informar, por escrito ou verbalmente, quando estiverem fazendo publicação patrocinada ou em parceria com instituições sobre produtos de investimentos. Logo, tão somente não teremos uma opinião pessoal, mas uma opinião pautada naquilo que o influenciador pensa (intuição/percepção ou raciocínio com comprovação científica) ou meramente trata-se de uma publicidade.
Assim, antes de você tomar decisão (ou ter uma opinião) observe as fontes, observe a metodologia usada na investigação e o tamanho da amostra. Evite conselhos apoiados em frases do tipo “tudo que você sabia sobre esse assunto estava errado”. Talvez funcione somente para chamar sua atenção.
Espero que tenham gostado.