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Bets, geladeiras e o cavalo azarão nos investimentos

Em recente reportagem da Folha de São Paulo, nós brasileiros já apostamos R$ 68,2 bilhões nas bets e outros sites de jogos e apostas on-line de julho de 2023 a junho de 2024 e perdemos R$ 23,9 bilhões. Associado a reportagem, outra matéria jornalística (Infomoney) com o presidente da Comissão de Valores Mobiliários fez um alerta sobre as bets. Para ele, as apostas no Brasil não irão esvaziar o mercado de capitais mas a geladeira dos brasileiros.

O presidente da Comissão salienta que se trata de uma questão de educação financeira que precisa envolver amplamente os brasileiros uma vez que “Entretenimento tem o seu espaço. Mas é preciso a construção de uma consciência coletiva de que as bets impõem risco aos mais vulneráveis”.

São dois trechos jornalísticos que permitem reflexões urgentes sobre educação financeira. Em um ensaio a ser publicado pela Editora Letras Virtuais tenho a oportunidade de tratar de uma sociedade fracassada e frustrada (Tema da publicação) em que pese a efemeridade das ações sobre os programas de educação financeira. Não que são sejam importantes, mas cujos conteúdos devem ir mais além de consumo consciente, uso de planilhas para controle ou redução de tributos.

Respeitando a todos aqueles que lidam com educação financeira e, que não há nada de errado em comparar uma família com uma empresa, algumas especificidades não devem ser deixadas de lado. Uma delas é que as famílias, diferentes das empresa não tem Receitas. Nós, enquanto família temos Renda (Salários, aluguéis, juros) num sentido econômico. Quero dizer que nossa renda pode aumentar caso existam aumento em nosso salário, nos juros obtidos pelas aplicações financeiras e, caso sejamos proprietários de bens imóveis, dos aluguéis obtidos.

Não quero tratar das renda extras, diluídas pelo ralo, pelo fato não termos noção do todo mas das partes (contabilidade mental) ou da necessidade de compensar o esforço em tê-las, através da compra de algo que sempre falta. Quero falar de salários, aluguéis e juros. E nessa dinâmica surge a possibilidade de uma renda extra advinda de apostas.

É diversão e muito bem vinda, mas temos que ter cuidado pois somos frágeis em tomar decisões.

No Ensaio, Sociedade do Fracasso e Frustração (a ser publicado) trato do nosso excesso de confiança além de ter tratado em outros livros sobre o acreditar no Cavalo Azarão. São condições humanas que nos fazem tomar decisões inadequadas. Espero que o presidente esteja equivocada em relação às geladeiras, mas as evidências acadêmicas são favoráveis ao seu pensamento.

Surge, portanto, uma reflexão: a educação financeira deve ser mais abrangente, tratando inclusive de valores sobre os quais podem amenizar nossas fragilidades (impulsividade, miopia, aversão à perda e influência social). Sim, deve ter espaço para divertimento e jogos de azar, mas isso não pode comprometer o orçamento familiar, bem como não é investimento.

Espero que tenham gostado.

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