Amor por contrato, o filme e a maldição social.

Numa sociedade hiper (ativa, informada e visível) não há tempo para contemplação. A pedagogia do ver traz com ela três tarefas fundamentais para os educadores, a saber: ensinar a ler; ensinar a pensar e ensinar a falar.

A meta das três tarefas seria ensinar a ver, ou seja, habituar nosso olhar ao descanso, à paciência ao deixar “aproximar-se de si”. Logo tanto Nietzsche como Byung-Chul Han (autor do livro Sociedade do Cansaço) tratam da importância da contemplação. Mais importante, esse apreender a ver seria a pré-escolarização para o caráter.

O que Byung-Chul Han quer contextualizar é o saber ver no sentido de apreender a não reagir IMEDIATAMENTE a um estímulo, mas tomar o controle deles. Logo, reagir de imediato e seguir todo e qualquer impulso seria uma doença, uma decadência e por não dizer um esgotamento.

Mas porque afinal estamos esgotados e nos sentimos frustrados? Vários são os motivos, mas para simplificar tenho recorrido ao termo “Maldição Social”, descrito por Barry Schwartz, professor de teoria social e ação social, que mostra como podemos sofrer caso a aprovação social seja importante para nós.

Devido à importância de aprovação social que as pessoas têm, tendemos a querer cada vez mais poder ter acesso a bens, serviços e salários que ou nos destaquem dos demais, ou situações em nos dê a sensação de estar restaurando a igualdade social com o grupo que está ostentando (falsificados).

No filme Amor por Contrato, do diretor Derrick Borte, protagonizado por Demi Moore e David Duchovny, temos a história da família Jones que leva uma vida perfeita. Kate (Demi Moore) e Steve (David Duchovny) tem um casamento incrível, Compondo a família, Jenn e Mick são bons filhos e o clã é dono de muitos bens materiais. As primeiras sequências do longa focam em apresentar toda a atmosfera de luxo que ronda os Jones, recém-chegados em um condomínio, com um modelo de vida perfeita e feliz.

Distante dos olhos de quem mora ao lado, a história é outra. Steve, o marido, dorme em um quarto separado de Kate. Há no filme a personagem KC, que vai até a casa da família Jones apresentar o número de vendas realizadas por eles. Na verdade, os Jones trabalham o marketing ocult – a empresa para a qual eles trabalham é especializada em “despertar o desejo de consumo” em outras famílias

Não há qualquer laço sanguíneo entre eles, todos foram escolhidos para montar uma célula de vendas em um novo local, despertando interesse dos novos vizinhos em seus bens materiais e estilo de vida.

O filme caí como uma luva para explicar nosso comportamento financeiro e as influências sociais que “sofremos” quando tomamos decisões financeiras. Embora a família Jones não exista no mundo real é possível que outras famílias possam estar modificando o comportamento da sua família. A maldição social é péssima e nos leva, de modo geral, à frustração.

Conforme já comentado em outro post não deixe que tal contaminação afete você, afinal gastamos dinheiro pra mostrar a todos que temos dinheiro é no final de nossa jornada teremos menos dinheiro para nossa aposentadoria.

Espero que tenham gostado e nada de preocupar-se com o que outros pensam.

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